App Indexing, Como Aprofundar em Growth e CRM, etc | NR #4

A newsletter de hoje é uma seleção de perguntas de alunos dos meus cursos de ASO e Product Growth (PM3), além dos directs que recebo aqui e ali.

Eram 23 ótimas perguntas no total, mas não deu tempo de formatar tudo. Ou seja: tem muito mais material pra sair, caso gostem do formato. Pensei em fazer disso um podcast ou mesmo um vídeo mensal em paralelo à newsletter, mas tudo ainda muito no campo das ideias. Fora que nada disso paga as minhas contas e tenho dois filhotes para cuidar, então… Pra já, faço o melhor que eu posso com o tempo que tenho 🙂

Enfim, editei um pouco as perguntas para deixá-las mais sucintas e anônimas; Já as respostas foram revisadas e aprofundadas para serem úteis para mais pessoas além de quem as perguntou.

Boa leitura!

 

ps: queria deixar aqui as minhas boas vindas para os 51 novos chegados da semana. As primeiras edições podem ser lidas no meu site caso queira pegar o conteúdo do começo. E meu sincero MUITO OBRIGADO a todos que estão recomendando essa news para amigos, significa muito ver isso acontecendo de forma orgânica. Vocês são foda!

 

Senta que lá vem resposta

Perguntas de App Store Optimization e App Growth

1/ Para o meu app aparecer nos resultados do Google eu preciso configurar algo nas lojas?

Não precisa configurar nada na App Store ou Google Play, a configuração é dentro do seu app mesmo.

O que você está procurando aqui é uma coisa chamada App Indexing. É algo que o Google criou para indexar conteúdos de apps dentro dos seus resultados de busca. E sim, isso é tão poderoso quanto parece que é. Mas, contudo, existem alguns pré-requisitos:

  1. Você deve ter um site web que reflita o conteúdo e funcionalidades do seu app;
  2. Seu conteúdo não pode estar protegido por login e senha;
  3. Você precisa ter deep links implementados. Para isso, é preciso listar seus links no manifest do seu app (seu time de Engenharia vai saber o que é esse palavrão); 
  4. Por último, é preciso verificar ownership do conteúdo pelo Search Console. 

A ideia dos depp links é ter URLs para cada tela ou área do seu app – que nem um site mesmo. Isso permite ao Google redirecionar o usuário para uma determinada tela, evitando que ele tenha que navegar pela home até encontrar o conteúdo ou funcionalidade desejada.

Caso seu app e site não sejam 100% iguais, não tem problema: o importante é ter ali pelo menos algumas páginas que sejam equivalentes entre si. Isso já é suficiente para indexar algumas partes do seu app no Google.

A dificuldade aqui é que apps por padrão não possuem links que nem um site normal. É daí que vem a necessidade de implementar os tais deep links primeiro.

Artigo: Context is What Makes Deeplinks Matter | by Austin Hay | Medium

Ter deep links é muitas vezes o que diferencia o 1% dos top apps, aliás.

Pensa nas aplicações disso: você pode mandar um push e direcionar o usuário direto para a tela onde ele pode fazer uma determinada ação; você pode ter campanhas de mídia paga que fazem o mesmo; você pode indexar seu app no Google, aumentando exponencialmente a visibilidade do seu app e seus downloads.

Não é fácil fazer esse setup já que muitos desenvolvedores não estão habituados com o processo – mas é algo que vale a pena lutar para ter.

 

2/ Tenho lido sobre “smart banner” para levar usuários do meu site para meu app. Isso é feito pela loja ou por alguma ferramenta?

Você tem que usar alguma ferramenta ou implementar no app mesmo, pela loja não dá.

Existem três opções aqui:

  1. Caso você tenha suporte de engenharia, dá para implementar de forma nativa e gratuita no iOS e Android;
  2. Caso essa não seja uma opção, você pode usar o Branch e instalá-lo você mesmo no seu site via Google Tag Manager. Para não exibir o banner quando o usuário já tiver o app instalado, aí vai ser necessário instalar a SDK deles. Fica atento só que dependendo do tamanho do seu site, essa opção pode te gerar custos;
  3. Outra opção que eu gosto muito é usar as in-app messages do Intercom, caso você já esteja usando eles.

Na OLX eu cheguei a usar a Branch e o Intercom em momentos diferentes do negócio. Minha primeira meta anual grande foi batida, inclusive, graças a esse hack (não acredito que estou usando mesmo essa palavra) – o que me levou a uma promoção pouco tempo depois.

 

3/ A partir de quantos acessos/tamanho do app seria legal fazer testes A/B? Quero rodar testes, mas temos pouco volume.

Olha, com 300 installs/dia já passa a ser possível rodar testes que não se alongam por meses a fio – mas ainda diria que é pouco.

 

Mas também não existe volume mínimo: é configurar o experimento e ver o que acontece. O próprio Google te diz quando a significância estatística é alcançada no teste.

 

Se seu app está abaixo de 300 installs/dia, é melhor focar em trazer tráfego primeiro. Você pode confiar no know-how que vocês têm do produto e dos clientes para tomar as decisões de criativos. A melhor forma que encontrei de validar as coisas nesse estágio é usar anúncios mesmo. Não é a mesma coisa, mas vai te dar insumos o suficiente para ir melhorando até que os volumes sejam mais altos.

 

Perguntas de CRM & Lifecycle Marketing

4/ Na sua opinião, o que seria essencial para profissionais analistas aprenderem? Tenho estudado as principais ferramentas de CRM; HTML e SQL; e na parte analítica, Amplitude e Appsflyer. Mas, confesso que quando olho para as vagas, fico um pouco perdida sobre qual disciplina “atacar” já que não são escopos tão bem definidos. Seria muito bom ouvir de você algumas dicas. Pelo que vejo com colegas essa é uma dúvida coletiva.

Acho que a primeira pergunta aqui é: “por que os escopos das vagas variam tanto assim?”. Creio eu que o principal motivo é que o uso do CRM muda bastante de negócio para negócio.

Tentei resumir aqui entre três tipos de empresas para exemplificar:

  1. Empresas orientadas à vendas B2B: pegada de nutrição e conversão de leads. O objetivo é basicamente “esquentar” oportunidades para o time de vendas ou converter no self-service mesmo. Depois, coisas como onboarding e recuperação de churn por vezes também caem nas responsabilidades de CRM;
  2. Já os e-commerces e produtos transacionais vão usar métodos como modelos RFM para clusterizar usuários e definir quais ofertas mandar para quem e quando.Também é o modelo mais utilizado por negócios tradicionais e grandes marcas para gerar vendas online mesmo não sendo esse o seu forte;
  3. Por último, existem empresas que vão chamar esse time de Lifecycle ou CLM – e não de CRM. Geralmente são empresas product-led (geralmente SaaS ou conteúdo por assinatura) e aplicativos. Nessas empresas, o papel de CRM vai muito além de esquentar leads ou gerar vendas: o papel é ajudar os usuários a criarem o hábito de usar o produto – o que é bem mais complexo por n motivos. Por isso mesmo eles chamam esses times de outra forma. Algumas empresas estão inclusive colocando esses times sob a alçada de Produto, e não de Marketing, dada complexidade e as dependências técnicas envolvidas.

Então a pergunta que eu te faria de volta aqui é: em qual desses grupos você quer ficar?

A partir dessa resposta, você pode trilhar o seu plano de estudos e progressão de carreira.

Para deixar essa resposta o mais completa possível, vou assumir que você está mirando na opção 3. Isso porque eu sei que eu contrataria alguém de Lifecycle para tocar CRM de olhos fechados. Já o contrário eu só faria depois de uma bela entrevista técnica. Portanto, chegar nesse nível provavelmente é o seu objeto de desejo.

(Deus, não me deixa ser cancelado agora que eu to pegando tração só porque eu falei isso, essa é só a minha opinião)

E, pra ser bom de Lifecycle, você tem que dominar:

  • Jornada do cliente: saber mapear a jornada do produto, mensurar as perdas de cada estágio, e rodar pesquisas para entender o porquê dessas perdas;
  • Entender o cliente com profundidade e seus Jobs to be Done: entender a dor do cliente e o que ele quer resolver com seu produto é chave. Depois disso, é trabalhar de trás pra frente que não tem erro;
  • Copywriting: tem que escrever bem e, preferencialmente, gostar de escrever. Eu não acredito em delegar copy de Lifecycle para outras pessoas. O que pode acontecer é você ter um apoio de um especialista, mas delegar, jamais, já que o que você comunica é parte inerente da estratégia. Delegar o copy é, na verdade, delegar o trabalho todo;
  • Orientação a dados: acho muito legal você estar estudando SQL, isso vai te dar uma vantagem muito grande em relação aos outros. Só não esquece de estudar sobre curvas de retenção, cohorts, e quick ratio (na pergunta de Growth eu deixei algumas recomendações de livros e artigos sobre isso tudo) – isso vai te dar uma vantagem competitiva absurda.

Como você pode ver, várias dessas skills tem overlap com UX e Produto. Então você pode ir beber da mesma fonte que essas pessoas e buscar trabalhar em parceria com elas na sua empresa para acelerar o seu desenvolvimento.

E, só pra deixar claro: não estou falando que analista de Lifecycle tem que manjar de Product Management com profundidade. Mas roubar alguns dos conceitos dessa área com certeza vai te ajudar a se tornar uma profissional fora da curva.

Sobre conhecimento em ferramentas de CRM específicas, eu colocaria isso em segundo plano. A única coisa que você precisa saber é quais são as principais plataformas e o que elas possuem de diferente uma das outras. O importante mesmo é saber os princípios da coisa e conseguir aplicá-los independentemente do seu ferramental.

 

Growth

5/ Cara, quero me aprofundar no Growth mas não encontro conteúdos bons o suficiente. Consegue indicar alguma coisa?

Consigo indicar muita coisa, mas não sei se tudo faz sentido pra você. Também não sei o que você já leu até agora e qual seu nível de experiência. Então coloquei aqui embaixo os principais recursos que eu mesmo usei. Aí você pode selecionar o que faz mais sentido no seu caso.

A princípio, tudo que está abaixo é o que eu considero a bibliografia essencial de Growth.

Blogs

Livros

Palestras e Aulas gratuitas

Cursos

  • Product Growth da PM3: tenho quatro aulas lá e um baita orgulho do material. Pra quem busca uma opção mais direcionada a Produto, e em português, essa é a melhor opção (link com 10% de desconto);
  • A Reforge foi o programa que consolidou a minha carreira em Growth. Aliás, eles tem um monte de cursos agora. O conteúdo é em inglês e o investimento é alto, mas vale a pena. Aliás, eu escrevi esse artigo contando como foi minha experiência.

Se você já domina tudo isso, suas opções de literatura de estudos não são tão amplas. 

Mas posso te dizer o que eu tenho feito para continuar evoluindo: crio conteúdo e compartilho com outras pessoas; organizo comitês nas empresas onde eu trabalho para trocar com outros profissionais; ouço podcasts e entrevistas de pessoas que eu admiro; e acima de tudo: experimento novas táticas quase toda semana.

Depois que você aprende o essencial, só a prática, o estudo contínuo, e a auto-reflexão podem te levar para outro nível.

Que nem essa newsletter aqui. Ela é a minha forma de exercitar um montão de coisas e experimentar coisas novas toda semana. Legal, né?

 

Conclusão

Fiz o melhor que eu pude para tentar responder as perguntas, mas é importante lembrar que eu não tenho todo o contexto e que algumas coisas podem ser interpretadas de formas diferentes da minha (obviamente).

Espero que tenha gostado e que pelo menos uma dessas perguntas te tenha sido útil de alguma forma.

 

👇 Quer aprofundar? Vota que um desses vai virar live:

Alguns dos temas que surgiram aqui daria para falar muito mais a fundo. Clica nas opções abaixo para eu saber qual a gente deve conversar mais sobre:

  1. Como aprofundar sua expertise em CRM/Lifecycle?
  2. App Indexing e Deep Linking
  3. Testes A/B no Google Play
  4. Como se tornar um profissional de Growth de elite

E para mandar sua pergunta é só responder a esse email 😉

 

📕 O que estou lendo


Livro: Almanaque do Naval Ravikant

Esse eu li logo quando lançou, mas recentemente o li de novo por conta do Mastermind semanal que tenho com alguns amigos. Esse livro é daqueles que estão no topo dos que mais mudaram para melhor o meu jeito de pensar. Aliás, dá para arriscar até que ele foi crucial para eu estar escrevendo tanto hoje em dia. Vou deixar aqui algumas das minhas frases preferidas desse livro:

  • “Seek wealth, not money or status. Wealth is having assets that earn while you sleep. Money is how we transfer time and wealth. Status is your place in the social hierarchy.”
  • “Understand ethical wealth creation is possible. If you secretly despise wealth, it will elude you.”
  • “Play long-term games with long-term people.”
  • “Building specific knowledge will feel like play to you but will look like work to others.”

Por acaso eu perco total a noção do tempo quando estou escrevendo essa newsletter 🙂

 

Se está curtindo esses contéudos, você também pode gostar:

Ou recomenda essa news para os seus amigos. O link é esse aqui.

Até a próxima! 👋